Após comentário de presidente da Conmebol, Brasil diz que entidade 'falha' com frequência no combate ao racismo
19/03/2025
(Foto: Reprodução) Alejandro Domínguez disse que Libertadores sem equipes do Brasil 'seria como Tarzan sem Chita'. Conmebol tem sido cobrada a agir diante de casos de racismo contra brasileiros. Alejandro Domínguez, presidente da Conmebol
Jorge Adorno/Reuters
O Ministério das Relações Exteriores divulgou nesta quarta-feira (19) uma nota na qual afirma que a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) "falha reiteradamente" no combate ao racismo no esporte.
A nota foi divulgada como resposta a um comentário do presidente da entidade, Alejandro Domínguez, no qual ele disse que uma eventual edição da Taça Libertadores sem a participação de times brasileiros "seria como Tarzan sem Chita".
Declaração de presidente da Conmebol provoca repúdio do governo e de jogadores brasileiros
A entidade tem sido cobrada por equipes brasileiras em razão dos frequentes atos de racismo praticados por jogadores e torcedores de outros países contra atletas e torcedores negros. Esse episódios são frequentes em partidas de campeonatos organizados pela Conmebol.
"O governo brasileiro repudia, nos mais fortes termos, as declarações do Presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol [...] em entrevista à imprensa após cerimônia de sorteio da fase de grupos dos torneios promovidos por aquela entidade", afirmou o Itamaraty.
"As declarações ocorrem em contexto em que as autoridades da Conmebol têm reiteradamente falhado em adotar providências efetivas para prevenir e evitar a repetição de atos de racismo em partidas por ela organizadas, incluindo medidas para combater a impunidade e promover a responsabilização dos responsáveis", acrescentou o ministério.
Conmebol precisa 'reprimir' atos racistas
Caso Luighi: jogador palmeirense vítima de racismo fala ao Fantástico
No episódio mais recente de racismo no futebol, registrado no início deste mês, o jogador Luighi, do Palmeiras, foi alvo de ataques durante partida pela Libertadores Sub-20, no Paraguai.
Quando ele tocava na bola, torcedores paraguaios imitavam macacos. Após a partida, o jogador questionou, em entrevista, até quando as pessoas vão aceitar esse tipo de comportamento.
O caso gerou manifestações públicas do presidente do Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de diversas autoridades, que cobraram punição dos responsáveis pelos atos racistas.
"Todo apoio ao nosso jovem Luighi, do Palmeiras, vítima de ato racista no Paraguai. O futebol significa trabalho coletivo, superação e respeito. Racismo significa o fracasso da humanidade. Basta de ódio disfarçado de rivalidade", publicou Lula em uma rede social na ocasião.
Na nota divulgada após as declarações do presidente da Conmebol, o governo brasileiro defendeu que a entidade atue para "coibir e reprimir" atos de racismo, promovendo políticas de igualdade racial e buscando ampliar o "acesso de pessoas afrodescendentes, imigrantes e outros grupos vulneráveis ao esporte".
"O governo brasileiro reitera seu compromisso com iniciativas de combate ao racismo e de promoção da igualdade racial, inclusive medidas contra qualquer tipo de discriminação nas diferentes modalidades de esportes", afirma a nota.