Caso Moïse: Justiça do Rio inicia júri popular de acusados pela morte
13/03/2025
(Foto: Reprodução) Fábio Pirineus da Silva e Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca respondem por homicídio doloso triplamente qualificado (motivo fútil, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima). Crime ocorreu em 2022. Moïse Kabagambe à esquerda; do lado direito, os três presos pelo assassinato dele em 2022.
Reprodução e Henrique Coelho/g1
A 1ª Vara Criminal do Rio realiza nesta quinta-feira (11) o júri popular dos acusados pelo assassinato do congolês Moïse Kabagambe. O crime aconteceu em janeiro de 2022, quando o estrangeiro foi espancado até a morte em um quiosque da praia da Barra da Tijuca, Zona Oeste da capital fluminense.
Fábio Pirineus da Silva e Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca respondem por homicídio doloso triplamente qualificado (motivo fútil, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima).
Um vídeo mostra Moïse sendo espancado até a morte. As imagens das câmeras de segurança do quiosque Tropicália mostram que o congolês Moïse Kabagambe recebeu ao menos 30 pauladas dos agressores — parte delas enquanto estava imobilizado no chão, sem chance de defesa.
Vídeo mostra momento em que homens se juntam para agredir congolês na Barra
Fábio e Aleson estão presos desde fevereiro de 2022. Além deles, Brendon Alexander Luz da Silva também responde pelo crime, mas o julgamento dele ainda não foi marcado.
Saiba a participação de cada um deles no crime:
Fábio Silva, preso pela morte de Moïse, foi o primeiro a dar pauladas no congolês
Reprodução/TV Globo
Fábio Pirineus da Silva, o Belo, que segundo a polícia, confessou que deu pauladas no congolês.
Vendedor de caipirinhas na praia, Belo confessou à polícia que deu pauladas em Moïse. Nas imagens, dá para ver que é Belo quem pega o bastão de madeira e inicia as agressões enquanto Brendon tenta imobilizar o congolês.
O que disse em depoimento à Delegacia de Homicídios:
que Moïse sempre arrumou confusão com banhistas e trabalhadores;
que viu o congolês tentando agredir o funcionário do quiosque Tropicália que aparece de camisa listrada nas imagens;
admitiu ter batido várias vezes, mesmo com Moïse imobilizado;
que não tinha a intenção de agredir até a morte e que a agressão não foi combinada.
Aleson aparece no vídeo dando várias pauladas com Moïse já imóvel no chão
Reprodução
Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, o Dezenove, que admitiu ter participado das agressões, mas disse que "ninguém queria tirar a vida dele".
O que disse em depoimento à DH:
negou que Moïse estivesse cobrando uma dívida;
e que o real motivo das agressões foi o comportamento agressivo do congolês que, segundo ele, estava bêbado e arrumando confusão há alguns dias;
que resolveu bater no congolês para "extravasar a raiva";
admitiu que exagerou nas agressões.
A causa da morte de Moïse Kabagambe foi identificada como traumatismo do tórax, com contusão pulmonar, resultante de ação contundente.
De acordo com laudos do Instituto Médico Legal, a vítima teve contusões severas no tórax, resultando em traumatismo e contusão pulmonar, causados por objetos rígidos como barras, porretes e um taco de beisebol, além de socos e chutes.
Segundo a denúncia apresentada pelo Ministério Público do Rio (MPRJ), Fábio, Aleson e Brendon derrubaram, amarraram e espancaram Moïse com crueldade, como se fosse "um animal peçonhento".
De acordo com o MP:
a vítima foi agredida com golpes desferidos com um taco de beisebol, socos, chutes e tapas;
o crime foi praticado por motivo fútil, decorrente de uma mera discussão;
o crime foi praticado com emprego de meio cruel; vítima foi "agredida como se fosse um animal peçonhento";
o crime foi praticado com recurso que impossibilitou a defesa da vítima, eis que foi derrubada e imobilizada, não tendo como reagir às agressões;
o crime foi praticado com recurso que impossibilitou a defesa da vítima, eis que foi derrubada e imobilizada, não tendo como reagir às agressões.
Defesa dos acusados
Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca e Fábio Pirineus da Silva, durante o processo, alegaram que os fatos narrados na denúncia não são verdadeiros.
A defesa de Fábio afirmou que ele é um trabalhador com residência fixa há mais de 20 anos. Ao g1, a advogada Flávia Froes, que defende Fábio e Alesson, “tentaram transformar um crime de miséria social em crime racial”.
“Os autores são de pele escura. Os acusados agiram em legítima defesa. O Moïse estava na praia há 3 dias e estava arrumando confusão com todo mundo. Quando ele diz que ia matar o Baixinho, os acusados foram impedir. Quem causou a sua morte foi o próprio Moïse”.
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